Dia #4 (ontem)
Com a chegada do fim-de-semana, chega também o meu primeiro balanço, com dois destaques negativos e dois positivos.
Negativos:
1. Primeiro dia no Rio – primeiro assalto (que vi);
2. Primeiro dia de praia no Rio – primeiro escaldão.
Positivos:
1. Alegria
2. Vida saudável
1. Alegria
2. Vida saudável
Para começar, tenho que ressalvar que os pontos positivos têm sido muuuuito mais que dois e muito mais frequentes que os negativos mas estão ali mais ou menos resumidos naquelas duas categorias. Em segundo lugar, vou
explicar que o que eu vi no primeiro dia foi: um grupo de rapazes a passar por
mim, a correr a toda a velocidade, no sentido contrário ao da praia, e do fundo
do calçadão ouvia-se um homem a gritar “PEGA ELE, PEGA ELE!!! POLÍCIA,
POLÍCIA!!!”. No primeiro dia, achei que não deveria mencionar o assunto para não
preocupar ninguém e também para não pensarem já que não vale a pena ler mais
nada porque o Rio é uma insegurança pegada. Não, eu continuo a andar como se
nada fosse, na minha vidinha normal, porque sei que, infelizmente, essa é uma
realidade (demasiado) comum por aqui. Para mim, viajar e, sobretudo, viver e
conhecer verdadeiramente um país diferente do nosso, é isso mesmo, é entender
que isto não é o nosso país, isto não é a nossa casa, portanto, isto não pode
ser a mesma realidade. É aceitar e viver com isso, tentando compreender tudo
melhor a cada dia que passa. Obviamente que não estou a dizer que acho bem que
exista insegurança ou que devamos aceitar assaltos como algo normal ou natural de acontecer mas o que é facto é que isto não acontece todos
os dias, a toda a hora e também não reflecte a realidade de todos os cariocas,
isto espelha apenas uma parte da população, tal como em tantas outras partes do
mundo. Apenas a título de exemplo: no México, durante os 3 meses que lá estive
a viver, não me senti nem uma vez insegura e, no entanto, é considerado
dos países mais perigosos e inseguros do mundo.
E isto leva-me para
a segunda parte do balanço: hoje, enquanto fazíamos praia, a primeira coisa que ouvimos
quando chegámos foi, novamente, “PEGA ELE, PEGA ELE! LADRÃAAAO!”. Aí já não era
só um homem, era toda a praia a gritar a mesma coisa. O que só significa que,
pelo menos aquelas pessoas que ali estavam, estavam solidárias com a pessoa que
foi roubada.
Isto é o Rio. Praia
cheia, calor de 40 graus, chegar à praia e ver toldos e toldos onde se podem
alugar chapéus e cadeiras (não são espreguiçadeiras, são cadeiras daquelas em
que normalmente só se costumam sentar os velhotes para ver a procissão em Portugal – aqui TODA A GENTE se senta nessas cadeiras), e onde se vende água
de coco e outras bebidas bem geladas. A praia, no Rio, é ouvir um constante
ruído de fundo, seja de pessoas a falar (e são muitas – não esquecer que estamos
no pico do Verão), som de funk a tocar num qualquer aparelho de áudio dos moleques saídos da casca, seja das
dezenas e dezenas de pessoas que passam a cada minuto apregoando “QUER MATE?
CERVEJA? CÊ QUÉ?”, vendendo cangas (também não se usa toalha de praia), biquínis
(já comprei o primeiro e nos entretantos escaldei os pés), chapéus, protectores
solares, óculos de sol, enfim, uma verdadeira panóplia de produtos relacionados
com a praia. A praia do Rio é um verdadeiro mercado onde se encontra tudo o que
se quer (e talvez alguma coisa extra que não se queira também).
Mas é também um
local de dança, sim, porque enquanto secávamos tranquilamente nas nossas
cadeiras, escutámos ao longe o som de samba. Só que ele não vinha de colunas
nem de nenhum aparelho de som, vinha, sim, de uma banda, que tocava ao vivo,
deslocando-se por toda a praia. Essa mesma banda, parou num chapéu à nossa
frente e pôs um grupo de pessoas a sambar com eles. Isto é o Rio.
O Rio é também outra
coisa, ainda mais surpreendente, é ver, constantemente, pessoas a correr no
calçadão com o maior calor que se possa imaginar. Sejam 8h da manhã, 1h da
tarde, 6h, 9h da noite... há pessoas a correr, a transpirar, há aparelhos de
musculação mesmo à beira do areal, há pessoas a andar de bicicleta, há skates,
patins e muita, mas muita gente, a caminhar, a desfrutar da paisagem.
Eu tenho feito muito
isso e devo dizer que já cheguei ao fim-de-semana completamente dorida. Sinto o
calor a inchar-me o corpo de uma maneira que nunca antes senti e é por isso que
aqui só me apetece beber sucos, comer saladas e fazer exercício. O calor, por
si só, já não dá muita vontade de comer coisas pesadas e quentes. Além disso, o
que mais existe pelas ruas são butecos
onde se bebe sucos de maracujá,
tangerina, melancia, melão, laranja, abacaxi e todas as frutas e mais algumas
que se possa imaginar, além dos mercados onde se vendem todas as frutas e verduras
de cores, tamanhos, cheiros e feitios mais variados que se possa imaginar e,
claro, o tão falado açaí – simples, com granola ou sem ela, ou misturado com
sabores vários, como banana, morango, ou outros. Eu aqui sinto-me uma
desconhecedora de frutas e legumes porque há nomes dos quais nunca ouvi falar
em toda a minha vida.
Para muitos, pode parecer inacreditável ou até um verdadeiro sacrilégio mas só hoje é que experimentei a minha primeira água de coco. E agora não vou querer outra coisa.
Para muitos, pode parecer inacreditável ou até um verdadeiro sacrilégio mas só hoje é que experimentei a minha primeira água de coco. E agora não vou querer outra coisa.
A verdade é que o
Rio faz de mim uma pessoa mais saudável e com vontade de acrescentar à minha
lista uma outra resolução para 2015 que parecia impossível ou, pelo menos, muito
difícil: mudança do estilo de vida.
A única coisa com
açúcar que eu experimentei por aqui desde que cheguei... só o Pão de Açúcar ;)
Amanhã conto mais sobre o meu fim-de-semana e o porquê de ainda agora ter
chegado e já não querer sair desta cidade.
A única coisa que
posso desde já dizer é que... o Rio é, literalmente, a minha praia.

2 comentários
Ai mon Dieu que ainda vais ficar aí a viveeer :P
ResponderEliminarYou never know what the future holds... ;)
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