Dia #2
Há alguns anos atrás, deveria eu ter uns 12
anos, os meus pais e os meus tios foram fazer mais uma das suas visitas
habituais de Verão a Sevilha, onde, nessa altura do ano, os termómetros rondam
os 40 e muitos graus. Cada vez que passavam por um daqueles painéis de rua que
indicam a temperatura, surgia a exclamação: “Ora deixa cá ver qual é a
temperatura que faz, nesta altura do ano, em Sevilha.”. Desde então, essa
exclamação tem vindo a ser utilizada pela família como uma espécie de private joke para cada vez que vamos a
um lugar novo ou que queremos saber a temperatura local.
Começo, então, este segundo post, por tornar
essa expressão, que antes era privada, numa expressão pública de homenagem às
nossas férias em família e ao facto de terem sido os meus pais os primeiros a
incentivarem-me a abrir "novos mundos ao mundo”.
Primeiro foi a paixão por Paris, logo aos 6
anos de idade; Espanha foi sempre destino de eleição, fosse na Galiza, por
Vigo, Pontevedra, Santiago de Compostela, A Coruña, em Aragão pelos caminhos
dos Pirinéus, em Jaca, na estância de Formigal ou na cidade de Zaragoza, passando
por Barcelona, na Catalunha e pela capital, Madrid (como não podia deixar de
ser), no País Basco, em San Sebastian e na fronteira com os Pirinéus Bascos, em
Pamplona, Navarra, Toledo em Castilla-la-Mancha, Salamanca, Castilla y León, e na
Andaluzia, claro está. Sempre acompanhados pelos Gipsy Kings, Vaya con Dios,
Oreja de Van Gogh, Presuntos Implicados e tantos outros.
Seguiram-se Veneza e Pádua, Londres, Amsterdão,
Negril/Ocho Rios/Montego Bay, na Jamaica e Andorra la Vella. Escócia, Copenhaga
e Aalborg, Malmö, Helsingør/Helsingborg, Pristina (Kosovo), Belgrado, Roma e Costa Amalfitana, Cidade do Vaticano e Cidade
do México, Guanajuato, Querátaro, Pátzcuaro, Morelia e, claro, San Miguel de
Allende, foram destinos que conheci sem eles, mas sempre por causa
deles. A viagem de finalistas, essa, também não foi numa qualquer estância
balnear própria para diversão nocturna e consumos excessivos, não: Praga,
Karlovy Vary e Kutná Hora, foram as escolhidas. Mas, atenção, também conhecemos
bem o nosso querido Portugal, desde Trás-os-Montes até ao Algarve.
Acho que me posso gabar de ter os pais mais
viajados e de mente-aberta do mundo.
Ora, nesta altura do ano, no Rio de Janeiro, a
temperatura que faz são, nada mais, nada menos, que 30 graus, que tendem a
ascender rapidamente aos 40 (e mais). Ontem, assim que chegámos, o senhor que
nos foi buscar ao aeroporto disse-nos que até tivemos sorte porque as chuvas do
dia anterior tinham feito com que a temperatura baixasse bastante. Eram 8h da
manhã. Faziam já 26 graus.
O maior choque, para uma pessoa que não está
propriamente habituada a um clima tropical, é a humidade. Mal se sai do avião
sente-se aquele bafo de calor misturado com água. A coisa mais parecida com
isto que me ocorre neste momento é o vapor que se cria na casa-de-banho quando
tomamos um banho de água bem quente. Sem a parte do vapor. A humidade pode
chegar a atingir perto de 100% (agora está a 70%, mais coisa, menos coisa),
segundo nos disseram. E é essa humidade que faz com que os 30 graus se sintam
como 40 e os 40 como 50.
Não me quero alargar muito e tornar este post
num testamento sobre meteorologia mas acho importante transmitir as várias
sensações que vou vivendo, mesmo as mais simples, já que através do computador
(ainda) não se consegue sentir calor, humidade, cheiros, sabores, etc.
Vou, portanto, tentar transcrever ao máximo
tudo aquilo que sinto, vejo, oiço, cheiro e saboreio. Na esperança de que, aí,
chegue o cheiro intenso das ruas, o calor humano que se sente, as cores das
frutas, das verduras, do céu e do mar, das pessoas, dos edifícios e das
montanhas, o barulho do trânsito, da música brasileira e o abraço apertado dos
cariocas.

1 comentários
Eu odeio a minha casa de banho depois do banho. Dito isto, acho que não vou gostar do Brasil :P E tenho inveja desses pais viajados <3
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